domingo, 29 de maio de 2011

De corpo e alma

Como diria Caio F., acho espantoso viver. Acumular memórias, afetos. Acumular todos os sentimentos possíveis e depois virar poeira, virar nada. Como é possível uma pessoa com tais gostos musicais, com seu jeito de vestir, de chorar, de rir, de encarar a vida... virar apenas pó. E tudo que ela foi? Não consigo ter a terrível limitação de crer que aquilo foi apenas carne, foi e passou. Queria saber se a alma está por aí, vagando. Não consigo acreditar que tudo acabe assim...
O meu corpo é apenas carne. O que sou, o que fui, o que serei está guardado no coração daqueles que me amam. Meu corpo foi apenas uma carcaça para guardar todas as minhas verdades, meu anseios, meus amores.
Deve ter um porto, um lugar onde todas essas almas esperam por um outro corpo.
(Ingrid Brito)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Presente

...então o amor e a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser laço.
Mário Quintana

Pratique o desapego

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Fernando Pessoa